O mecanismo do pânico (2)

A revolucionária internet sempre me deu uma grande esperança em função da democratização das informações. Porém, ter mais informação não significa ter melhor informação. Uma grande porcentagem de pessoas ainda mantém a atitude passiva, - assimilando e replicando as boatarias - da mesma maneira ingênua que assiste ao “ego-show” dos repórteres no noticiário da tevê.

As informações estão à disposição, mas falta pré-disposição para pesquisar. Falta discernimento.

Falta conhecimento correto para um julgamento preciso.

Um dos pontos que alimentou o pânico é o histórico de prepotência e omissão de informações do governo e empresas do setor de energia nuclear. Nesse momento tão difícil, infelizmente, não dá para acreditar em tudo que eles dizem.

E mais: ainda não há resposta das autoridades para as dúvidas e o medo da população. O que queremos saber não é só como está o quadro atual, mas até onde pode chegar. Queremos nos preparar para o pior. Mas é claro que isso ninguém vai dizer. Talvez nem os próprios técnicos saibam dizer.

A Satomi me contou que havia um projeto para instalar uma usina nuclear na península de Noto, província de Ishikawa, sua terra natal. Entre os moradores surgiu um forte movimento contrário. Esse grupo pediu para que a empresa mostrasse o plano de evacuação da área para um caso de acidente. A empresa respondeu que não havia esse plano porque não havia nenhuma possibilidade de acontecer acidente.

Devido à forte resistência dos moradores, entre outros fatores, a instalação da usina nuclear em Noto foi suspenso em 2003.

O Agência de Energia e Tecnologia (atualmente incorporado ao Ministério de Educação e Ciência) só reconheceu que existia, sim, o risco de acidente nas usinas nucleares há dez anos.

A primeira usina nuclear japonesa começou a operar comercialmente em 1966.

A prepotência e a arrogância é tradição nesse setor de energia elétrica, não importa o país.

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